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Reflexões do Padre Maicon A. Malacarne

Todos os olhos se voltam para Maria!

Jean-Marie Pirot, conhecido como Arcabas, é um artista francês muito singular.  Gosto muito da intuição e da sensibilidade que ele transmite porque guarda o estilo das grandes questões do mundo contemporâneo. Gostaria de convidar a meditar, hoje, com a obra do anúncio do anjo a Maria, relato narrado neste 4º domingo do Advento, véspera de Natal.

O anjo e Maria formam o cenário. O ponto de partida é um encontro: Deus que encontra a humanidade, que coloca «todos os olhos» na história. De fato, Arcabas gosta do exagero do olhar. O anjo é desenhado neste excesso! Deus é um mestre do olhar! Todos os olhos dirigem-se a Maria. O olhar é acompanhado da Palavra reverente. O toque singelo do anjo na garganta diz da Palavra que é cheia do Espírito – hálito, respiração. O sopro divino do Gênesis que transformou o barro em ser vivente é o mesmo sopro que chega como anúncio e convite a Maria: ser a Mãe de Jesus, nova Eva, Mãe da nova humanidade.

Maria também leva a mão a garganta, participa ativamente da respiração divina, pergunta, escuta, quer entender o sentido daquele convite e aceita: «sim, eis-me aqui»! Maria é desenhada sobre um tabuleiro de xadrez porque na sua infinita liberdade, é chamada a dar um primeiro passo, lançar-se no jogo do imprevisível, na segurança de um amor incalculável. Deus não podia ter escolhido melhor Mãe. O céu se curva à terra!

A vida de Maria torna-se totalmente entregue a Deus. Talvez essa seja a questão mais difícil: confiar, confiar, confiar! A intuição de Maria, «sentada, mas, sem uma cadeira» traduz o voo para o futuro, o salto que somente alguém muito grande, muito livre, muito «cheia da graça» é capaz de dar! Maria o faz porque, primeiro, se sente amada: «o Senhor é contigo, não tenhas medo, Maria».

Maria inaugurou o tabuleiro, deu o primeiro «sim», tal como a rainha que se move na direção da meta. Hoje, cada um de nós participa do mesmo convite e o nosso «sim», verdadeiro, livre e fiel, comporta o prosseguimento do jogo.

Pe. Maicon A. Malacarne

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