Aos pés de Maria, ontem, 08, o Papa Francisco chorou pela Ucrânia! Na Praça Espanha, aqui em Roma, que guarda uma grande coluna com a imagem da Imaculada Conceição, lotada de pessoas, silenciou e aplaudiu as lágrimas de Francisco, como que agradecendo aquele gesto que recordava a capacidade de chorar, a liberdade de chorar!
Francisco lembra alguma coisa profunda do evangelho de hoje (Mt 11,16-19): «Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!» De fato, a vida passa pela nossa frente e estamos todos tão distraídos, tão dispersos que ‘nem flauta’, ‘nem lamentação’ tocam o percurso do nosso dia!
Jesus dizia da importância de uma vida atenta, da necessidade de superar o mecanicismo. O filósofo Byung-Chul Han fala da ‘ditadura da mesma coisa’, que é perigosa, nociva e tira-nos a humanidade. David Le Breton diz de uma realidade tão complicada que as pessoas vivem o risco de querer ‘fugir de si mesmas’ ou ‘fugir do mundo’.
Uma chave fundamental, educativa e de profunda espiritualidade é a proposta do evangelho: envolver-se com a vida, envolver-se com o amor, envolver-se com o sofrimento do outro sendo portadores do remédio da consolação. Em alguns casos, o envolvimento mais bonito significa chorar juntos, silenciar juntos, esperar juntos, rezar juntos.
Que Deus nos dê esse coração grande!
Pe. Maicon A. Malacarne