A Ilíada e a Odisseia são dois dos poemas mais importantes da história da humanidade, atribuídos a Homero, na Grécia antiga! Ambos narram, primeiro, as aventuras em torno da Guerra de Troia e, segundo, os 10 anos de retorno de Odisseu, depois de 10 anos lutando nesse conflito que ele participou um pouco contrariado. Por todo esse tempo, em Ítaca, além de Penélope, a esposa, quem aguarda incansavelmente pelo pai era Telêmaco! De fato, o poema o coloca frequentemente olhando para o mar, aguardando algum sinal de vida! Só o pai poderia salvar o seu destino e o da mãe!
Telêmaco é uma metáfora do desejo e da espera do pai! Massimo Recalcati diz que não se trata de esperar pela questão da disciplina ou da severidade, mas do testemunho e da presença. De fato, ficou registrado na Odisseia, sobre a espera de Telêmaco: «se os homens pudessem escolher tudo sozinhos, eu desejaria, primeiro, o retorno do pai» (XVI).
No evangelho de hoje (Mt 6,7-15) Jesus fala sobre a oração. De início, já diz algo desconcertante: «não useis muitas palavras»! A escola do evangelho carrega uma novidade tremenda – mais do que verbos, a oração se radica em tornar a vida orante! Não pode haver separação entre fé e vida! Se determinadas horas do dia eu maltrato, agrido, sou preconceituoso, a minha oração é apenas uma exterioridade que ainda não foi capaz de alcançar a beirada da novidade de Jesus! Rezar é assumir um estilo de vida! Rezar é aprender a ser filho! Em todo filho, está o pai!
Na oração do Pai Nosso, que segue o evangelho, Jesus ensinou que tudo começa no Pai. O ponto de partida é descobrir que temos um Pai, que esperamos um Pai e que o amor do Pai é maior do todas as nossas palavras. Chamar Deus de Pai é reativar o desejo do pai que carregamos! A vida orante abre canais para que o Pai cresça em nós! Trata-se de um movimento interior, entre a espera e a busca, do retorno do Pai que já vive, mas pode viver ainda mais, em cada um de nós!