«Os que amam formam uma trégua na dor do mundo», escreveu Berger. Essa trégua é possível porque o amor é um doar-se pleno, ou, como escreveu Lacan «amar significa dar ao outro aquilo que eu não tenho», porque o amor não é feito de coisas, de objetos, de seguranças, mas de abertura do impossível e da gramática da eternidade! A brecha que o amor possibilita é capaz de curar «a dor do mundo».
É por dentro do amor que podemos rezar o convite que Jesus faz no evangelho de hoje (Mc 3,31-35): «quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe». Fazer a vontade de Deus é, pelo seguimento de Jesus Cristo, amadurecer um itinerário de amor! A questão não é sanguínea, não é de parentesco, nem mesmo de Lei ou de doutrina, a centralidade da «família de Deus» é realizar o amor no mundo!
Ajuda-nos, hoje, o testemunho de vida de São Francisco de Sales. Recentemente, o Papa Francisco escreveu uma Carta Apostólica em memória dos 400 anos da sua morte (28/12/1622). O título da carta é muito bonito: «tudo pertence ao amor» (totum amoris est). Francisco de Sales deixou uma contribuição fundamental para a unidade entre a vida e a espiritualidade que, para ele, não era possível fora do amor.
Deus nos dê a graça, no dia de hoje, de realizar a sua vontade, no amor de cada gesto e de cada palavra, capaz de contribuir para que o mundo seja melhor!