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Trindade – um êxodo sem fim!

Deus não é um conceito a ser entendido! Gosto da sabedoria do Livro do Eclesiastes: «todos os rios correm para o mar e, contudo, o mar nunca se enche» (1,7). Confiar em Deus está muito próximo ao verbo mergulhar! Deus é o mar da nossa vida, nosso ponto de partida e nosso destino! A inteligência sobre Deus é deixar-se alagar, impregnados pela sua presença!

De fato, o evangelho desse domingo (Jo 3,16-18), solenidade da Santíssima Trindade, afirma que «Deus não enviou seu Filho para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele». O ser de Deus é salvar! Salvou porque «amou tanto o mundo» e, amando, deu seu próprio Filho! O Filho, gerado do mesmo amor, vivendo-o em todas as consequências, se entregou até a morte na cruz. Ressuscitado, deixou o seu Santo Espírito, a força que nos habita e impele a amar.

Desse grande mistério de comunhão – do Pai, do Filho e do Espírito Santo – a vida cristã é chamada a ser uma vida relacional. Como no coração de Moisés, o êxodo que cada um é chamado a viver é na direção do outro, saindo de si, abrindo-se, escutando, respeitando, acolhendo, gerando comunicação. A negação, o aniquilamento do outro é o apagamento da Trindade. Estabelecer vínculos, conviver é do próprio ser de Deus.

A imagem que São Bernardo de Claraval construiu sobre a Trindade nos Sermões do Cântico dos Cânticos é fascinante: «O Pai dá o beijo, o Filho o recebe, e o próprio beijo é o Espírito Santo, aquele que está entre o Pai e o Filho, a paz inalterável, o amor indiviso, a unidade indissolúvel». A comunhão nasce de um beijo, de um amor sem fim, que, hoje, somos desafiados a comunicar ao mundo e, sobretudo, a ser-no-mundo. Ser «no mar que nunca se enche».

Pe. Maicon A. Malacarne

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