A santidade é uma forma de caminhar, de conduzir o cotidiano, de traduzir a fé em estilo de vida! Ser santo é ser o que a gente é, sem disfarçar nossas fragilidades e mascarar nossos defeitos. Ser santo é ser inteiro! De fato, um dos grandes teólogos contemporâneos, Christoph Theobald, fala do espírito da santidade como harmonia entre o conteúdo e a forma, ou seja, quando o que falamos está em acordo com o que vivemos.
A Lumen Gentium, Constituição do Concílio Vaticano II, afirma que “a santidade é a vocação comum de todos os cristãos”. A santidade não é um troféu individual como mérito dos esforços, mas uma graça, um dom, um sopro, um presente que Deus coloca no nosso coração. Ninguém se torna santo sozinho. Somos responsáveis por fazer esse dom crescer.
O livro do Apocalipse, da primeira leitura desta Solenidade de todos os Santos, pergunta: “quem são esses vestidos com roupas brancas? De onde vieram? (…) São eles que lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,2-14). Jesus é o Cordeiro! Lavar as roupas no sangue é oferecer-se inteiro, entregar-se por completo, tomar nossas lágrimas, nossas dores, nossas cruzes, nossa humanidade para ser renovada no sangue do Crucificado-Ressuscitado. Lavadas no sangue elas continuam brancas, porque em Deus tudo é novo.
As bem-aventuranças (Mt 5,1-12), carta magna do evangelho, é a grande luz de discernimento sobre a vocação a santidade. 1) Os santos são pessoas capazes de diminuir o passo para esperar os que caminham juntos. Santos não correm, são os que inauguram o passo demorado porque descobriram que a fidelidade nunca é solitária e egoísta e se alguém está “para trás” é preciso ajudá-lo a caminhar. 2) Os santos são os que lavam os pés do mundo. O discurso das bem-aventuranças indica um caminho de humanização. Os pobres no espírito, os que vivem a paz, os que são misericordiosos, os que tem fome, sede, os que são perseguidos por causa da justiça. Santos são as pessoas que consolam as dores da humanidade, mesmo machucados por ela mesma… sem tirar os olhos de Jesus!
Pe. Maicon A. Malacarne