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Ser santo é ser inteiro!

A santidade é uma forma de caminhar, de conduzir o cotidiano da vida, de traduzir a fé em jeito de ser! Não encontramos santos iguais, todos tem seu estilo, suas particularidades e faz pensar que ser santo é ser o que a gente é, sem disfarçar as fragilidades e mascarar os defeitos. Ser santo é ser inteiro!

A Lumen Gentium, documento do Concílio Vaticano II, afirmou que “a santidade é a vocação comum de todos os cristãos”. Ou seja, a santidade não é um troféu individual, mas uma graça, um dom, um sopro, uma oferta que Deus coloca no coração. Ninguém se torna santo sozinho! Somos responsáveis por fazer esse dom crescer! Aí está a grande potência, como diz a segunda leitura desta solenidade: “o grande presente que Deus nos deu é de sermos chamados Filhos de Deus”. Ser santo é deixar Deus crescer em nós, numa relação íntima de Filho e de Pai, realizada pelo Espírito Santo.

A primeira leitura pergunta dentro da linguagem apocalíptica: “quem são esses vestidos com roupas brancas? De onde vieram? (…) São eles que lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro”. Jesus é o Cordeiro! Lavar as roupas no sangue é oferecer-se inteiro, entregar-se por completo, tomar nossas lágrimas, nossas dores, nossas cruzes, nossa humanidade para ser renovada no sangue do Crucificado-Ressuscitado. Lavadas no sangue, continuam brancas, porque em Deus tudo escapa da força da lógica, porque em Deus tudo é novo.

Por fim, duas dimensões fundamentais do evangelho das bem-aventuranças que ajudam no caminho de discernimento da santidade, na proposta de Jesus Cristo:

1) Os santos são capazes de diminuir o passo para esperar os outros. Santos não correm, são os que inauguram o passo demorado porque descobrem que a fidelidade nunca é solitária e egoísta e se alguém está “para trás” é preciso ajudá-lo a caminhar.

2) Santos são os que lavam os pés do mundo. O discurso das bem-aventuranças indica o caminho de humanização. Felizes são os pobres no espírito, os que vivem a paz, os que são misericordiosos, os que tem fome, sede… os que são perseguidos por causa da justiça. São aqueles que estão com os pés bem próximos da realidade da história. Santos são pessoas que lavam as dores da história, mesmo machucados por ela mesma… sem tirar os olhos de Jesus!

Para concluir, o Papa Francisco, na Encíclica Gaudete et Exsultate, Sobre a chamada à santidade no mundo atual, escreveu sobre a santidade do detalhe de cada dia:

“Lembremo-nos como Jesus convidava os seus discípulos a prestarem atenção aos detalhes: o pequeno detalhe do vinho que estava a acabar numa festa; o pequeno detalhe duma ovelha que faltava; o pequeno detalhe da viúva que ofereceu as duas moedinhas que tinha; o pequeno detalhe de ter azeite de reserva para as lâmpadas, caso o noivo se demore; o pequeno detalhe de pedir aos discípulos que vissem quantos pães tinham; o pequeno detalhe de ter a fogueira acesa e um peixe na grelha enquanto esperava os discípulos ao amanhecer.”

A santidade não é mágica, mas um percurso comunitário formado da pequenez, da persistência, da atenção e abertura aos outros e a toda criação, da fidelidade até o fim a Jesus Cristo!

Pe. Maicon A. Malacarne

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