O chamado de Deus é um ponto de partida fundamental da vida! É curioso porque a raiz latina da palavra «chamar» está relacionada com palavras do tipo «clarus» que indica uma clareira, uma abertura por onde passa coisas novas. O chamado é uma luz que se joga sobre a vida, uma luz que não é só a soma das práticas de cada dia, senão um verdadeiro caminho para toda a vida.
O evangelho de hoje (Lc 6,12-19), recorda a formação da comunidade dos 12 discípulos a partir do chamado de Jesus! A texto inicia com Jesus, na montanha, em oração! Este sempre é um ponto fundamental para retornar: antes de todas as decisões e de todas as escolhas, Jesus se colocava em profunda comunhão com o Pai. Tudo que Jesus fazia era resposta ao amor/chamado do Pai e a oração era o ponto de mergulhar no seu coração para compreender os próximos passos.
O chamado não é fácil de compreender por que não é um dado objetivo ou uma voz mágica, mas é uma descoberta, é um alargar, é um expandir-se para experimentar o amor nas coisas mais cotidianas. Gosto muito de uma expressão do Teilhard de Chardin para compreender o território da proximidade de Deus: «Deus está, de alguma forma, na ponta da minha caneta, na minha picareta, na minha escova, na minha agulha, no meu coração, no meu pensamento».
O fundamental é sempre perceber que quem chama é Deus, quem procura é Deus, quem acessa os confins daquilo que somos é Deus, quem pronuncia as sílabas do nosso nome é Deus… Deus é quem ama primeiro, chama primeiro e espera a livre resposta. Mais do que ser padre, ser religioso, ser missionário, o chamado ao amor é sempre um chamado a ser gente, a humanizar um mundo mergulhado no desamor, no fechamento ao chamado de Deus.