Onde está Deus quando mais precisamos? Esta é uma pergunta que acompanha a história! O evangelho de hoje (Mt 8,23-27) conta o episódio em que Jesus e os discípulos estavam atravessando o mar em uma barca e enfrentaram uma grande tempestade. Para surpresa dos discípulos «Jesus dormia». Apavorados, foram acordá-lo, dizendo: «salva-nos, estamos perdidos»!
O texto apresenta a continua tensão entre o pavor humano e as suas tempestades e o silêncio de Deus! Evidentemente a tensão não significa oposição! O sono de Jesus no barco não significa ausência! Jesus estava lá o tempo todo! De fato, o silêncio de Deus tem muito a ensinar! O evangelho ajuda a perceber que uma fé imatura pode querer esperar passivamente um Deus resolva todos os problemas. O silêncio é a descoberta de que é preciso fazer a nossa parte!
No meio do campo de concentração, dias antes de ser morta pelos soldados nazistas, aos 29 anos, Etty Hillesum diante da experiência do sofrimento e do silêncio de Deus, escreveu no seu diário: «vou ajudar-te, Deus, a não me abandonares, apesar de eu não poder garantir nada com antecedência. Mas torna-se cada vez mais claro o seguinte: que tu não nos podes ajudar, que nós é que temos de te ajudar, e ajudando-te, ajudamo-nos a nós próprios».
«Ajudar Deus» não é negar a onipotência de Deus, mas assumir uma responsabilidade de viver e transformar as tempestades da vida! «Ajudar Deus» é vencer o pavor com a certeza de que Jesus sempre, sempre, está na barca, talvez não conforme a nossa vontade e o nosso imaginário. Sempre está, sempre está na barca!
Pe. Maicon A. Malacarne