Gentile da Fabriano (1425) desenhou vários momentos da história de São Nicolau que estão guardados em uma Igreja de Florença. «Presente para as meninas pobres» é o título de uma das obras que mostra Nicolau, cuja memória celebramos hoje, jogando moedas de ouro pela janela de uma casa, a fim de que as pobres moças pudessem comprar seu dote e, conforme tradição da época, acessar o casamento e uma vida mais digna.
Em boa parte da Europa, São Nicolau (San Nicola) é dos santos mais amados. No Brasil, a tradição transformou-o em um “velho barbudo”, o Papai Noel, com certos desviantes da história original.
Nicolau foi um grande bispo, nasceu pelo ano 250 e desde pequeno chamava atenção pela caridade. Na época em que as comunidades cristãs viviam grande crise, especialmente, perseguição do Imperador Diocleciano, a generosidade de Nicolau mobilizou as pessoas para resistirem ao sofrimento.
São João Paulo II, em 1987, chamou-o de «construtor da unidade», isso porque ele também é uma referência ecumênica, já que conseguiu aproximar o diálogo entre o oriente e o ocidente, a partir da generosidade e da caridade. Mesmo depois de sua morte, disse João Paulo II: «tornou-se sinal eloquente de reconciliação».
Ao contrário de um estilo de consumo, de exageros ou de gestos isolados de solidariedade, São Nicolau lembra que a caridade continua sendo aquilo que mais aproxima de Deus, que gera unidade e fraternidade. Hoje, mais uma vez, é dia de olhar para os lados e deixar-se mobilizar pelo sofrimento de quem precisa; é dia de perceber o nosso papel na transformação das estruturas e sistemas injustos que colaboram para tantos experimentarem as fronteiras da sobrevivência. Ainda mais, com tanto xingamento e falta de respeito a religião do outro, é dia para aprender de Nicolau o caminho da unidade, do diálogo e da paz, para que possamos chegar mais humanizados na celebração do Natal.
Pe. Maicon A. Malacarne