Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Igreja, com suas palavras, seus escritos e, sobretudo, seu exemplo, sugeriu o caminho do discernimento e do equilíbrio moral diante das tensões entre os laxistas (somos livres para fazer o que quisermos!) e os rigoristas (nada pode ser feito!). Afonso, ao sugerir o caminho ‘do meio’, afirmava a harmonia entre a consciência humana e o evangelho de Jesus. Tudo deve ser escolhido livremente, na direção de Deus e com a maturidade da consciência. Esse ensinamento de Afonso, direcionado sobretudo aos sacerdotes confessores, produziu uma grande reviravolta no seu tempo ao colocar no centro a pessoa e o seu discernimento, contrapondo a redução da confissão ao cumprimento de normas exteriores.
Em cada um de nós habita a tensão entre o joio e o trigo (Mt 13,36-43). Bem e mal coexistem e é no passo possível, no discernimento, que conseguimos fazer a melhor escolha. As decisões que tomamos diariamente, a forma de compreender a vida, o empenho de estabelecer e amadurecer vínculos e relações saudáveis, a capacidade de amar e perdoar, tornam maior a chance de sermos boas sementes do Reino de Deus!
É interessante o conteúdo da solicitação dos discípulos para Jesus no evangelho de hoje: «explica-nos a parábola do joio». Na verdade, a parábola que Jesus havia contado era do joio e do trigo, mas o olhar dos discípulos estava estagnado no joio, ou, no mal. Parece que o mal, desde sempre, provoca uma atração maior! Não é raro o apego as circunstâncias do mal, a repetição do mal, a fixação no mal. A reviravolta do evangelho é ajudar para que a maturidade dos seguidores de Jesus seja de dar mais chances para o bem, apegar-se ao bem, exalar o bem! O mal não vem de Deus e, portanto, não pode estar no mesmo nível do bem!
Pe. Maicon A. Malacarne