O psicanalista Françoise Dolto, ao propor uma reflexão sobre certa parábola de Jesus, dizia: a fé ensina-nos a arriscar! Não há fé fora do risco, do buscar fazer alguma coisa, do tentar e tentar mais uma vez. A fé nunca é uma espera passiva! O cardeal John Henry Newman recordava que a fé é sempre se mover no meio da penumbra.
Um oficial romano, ou seja, um militar de cultura e crença bem diferente de Jesus, recebeu hoje um dos maiores elogios do evangelho: «nem mesmo em Israel [entre os judeus] encontrei tamanha fé». É que a fé não é alguma coisa que se possa engaiolar dentro de determinada jurisdição. O oficial tinha um empregado muito doente e foi ao encontro de Jesus para pedir a sua cura.
De um lado, o evangelho lembra esse movimento permanente da fé, de buscar, de se lançar pelas estradas, de evitar a passividade. De outro, a fé é ampliar o eu, nunca é só «pedir para mim», mas carrega os outros, anseia pela «cura» do outro, pela felicidade do mundo. Uma fé de muito «eu», «eu», «eu» é uma fé rasa! A fé abraça a hospitalidade, a alteridade, porque não é um troféu individual, mas a graça de arriscar sempre mais para fora de si!
Na escola do centurião romano aprendemos que toda oração e que toda intercessão deve estar ligada aos outros! Rezar pelos outros é um ato de amor! Pedindo essa graça caminhamos para o Natal do Senhor!
Pe. Maicon A. Malacarne