O evangelho de hoje (Jo 15,12-17), na continuidade do que estamos refletindo e rezando nesses dias, sugere a particularidade da obrigação de responder ao amor: «isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros»! A expressão «ordeno», em algumas traduções «mando», ou, «obrigo», pode causar alguma estranheza nos nossos dias.
Certa noção de liberdade, cujo significado é «fazer tudo o que quero e o que tenho vontade, na hora que quero e que tenho vontade» não conseguem alcançar o significado de uma obrigação porque parece atrapalhar essa «vida livre». A verdade é o contrário! Essa liberdade produz mais escravidão – escravos de impulsos, de desejos, de ambições – que transformam as relações em instrumentos da «minha liberdade». Tudo é reduzido ao «basta-me a mim mesmo» que não tem lugar para «ordens».
No entanto, todo amor verdadeiro é fruto de uma relação (como os ramos estão ligados a videira)! Toda relação necessita de vínculos, da reciprocidade que carrega obrigações. Isso não é um limitador do amor, mas a sua expansão, a sua potência, porque é a verdadeira vocação humana! Pensemos, por exemplo, em um casal! Se há amor, há obrigações que devem ser levadas à cabo e que significam renúncias, exigem diálogos e podem gerar tensões e contradições. Atravessar e permanecer pode significar amadurecer o amor na direção da felicidade que a redução às minhas vontades não conseguiria chegar.
A liberdade egoísta pode ser boa por um momento, mas, em certa altura, não responde mais ao equilíbrio da vida. A liberdade é sempre um caminho, com altos e baixos, para ser aquilo que somos: amados e gerados para o amor, com as suas obrigações, a fim de sermos, de verdade, livres!
Pe. Maicon A. Malacarne