Em O Cristo cigano, Sophia de Mello Breyner fala que somos mobilizados por uma continua procura interior. Sempre procuramos alguma coisa! A procura é uma vocação humana e é uma condição da nossa identidade! Deus é para ser procurado, é uma busca permanente e quanto mais o encontramos, mais queremos encontrá-Lo. Sophia traduziu na poesia:
A noite abre os seus ângulos de luz
E em todas as paredes te procuro
A noite ergue as suas esquinas azuis
E em todas as esquinas te procuro
A noite abre as suas praças solitárias
E em todas as solidões eu te procuro
Ao longo do rio a noite acende as suas luzes
Roxas verdes e azuis
Eu te procuro!
E o evangelho de hoje diz que também Deus procura! Dar-se conta disso é alguma coisa fascinante. Deus procura, procura de novo, e o sabemos por causa de Jesus Cristo. Simão Pedro e André estavam pescando e Jesus passou por eles. De repente, a vida virou do avesso e os pescadores se tornaram discípulos. Mais à frente, Jesus passou por outros dois, Tiago e João, que tão logo deixaram a barca para segui-Lo.
Deus passa pela nossa vida onde nós estamos: no barco, nas redes, no mar, na universidade, na fábrica, no escritório, na roça, no luto e na luta! Deus passa pelo nosso cotidiano, pela nossa história e convida para segui-Lo, ou seja, construir um novo mapa da existência, um itinerário com significados diferentes, com sentidos mais seguros. Seguir Jesus é mudar o estilo de vida, organizar o programa, realinhar as prioridades: o «farei de vocês…» guardado pelo evangelho é muito potente!
Procurar, procurar, procurar…, mas, sobretudo, deixar-se encontrar! Ele é quem passa primeiro, Ele é quem nos encontra primeiro!
Pe. Maicon A. Malacarne