O Evangelho de Mateus dedica três capítulos para o chamado «Discurso da montanha» que inicia com as bem-aventuranças (5,1-12) e conclui com o texto do evangelho de hoje (7,21-29): «todo aquele que ouve essas minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha». Seguir Jesus é configurar um estilo de vida novo.
O risco é «construir a casa sobre a areia» que está destinada a ruína: «caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu». O perigo da fé, de fato, é permanecer no «Senhor, Senhor» sem «colocar em prática». Não se trata de reforçar o tradicional dualismo – teoria e prática – mas, justamente, perceber como os dois caminham juntos, como fé e vida. Permanecer em um dos lados é reduzir a força! Quando Jesus pediu para «praticar», tinha presente que aquelas pessoas estavam, antes, ouvindo, acolhendo, meditando… ou seja, de alguma forma, a prática está em assimilar o conteúdo do ensinamento de Jesus. Um ensinamento marcado pela prática!
Praticar sem compreender e refletir pode levar ao ativismo estéril e ao rápido cansaço. Praticar o ensinamento de Jesus é um convite a sensatez, ou seja, ao equilíbrio, ao discernimento, a prudência com a sustentação da base! Concluo com um místico e poeta, Angelus Silesius. É que a poesia é capaz de expandir a experiência e o significado de praticar: «Vai aonde não podes/ vê onde não vês/ escuta onde nada ressoa/ e assim estarás onde Deus fala». Essa «casa» está muito bem sustentada!