O anjo Gabriel chamou Maria de «cheia de graça» (Lc 1,26-38). Em Nazaré, no evento da encarnação, Deus revelou a vocação mais alta de toda humanidade: portadora da graça! Maria, sinal maior, é amada, é chamada, é escolhida para ser a Mãe de Jesus, a Mãe de Deus, a Mãe da nova humanidade! Ao assumir a carne do mundo, o Senhor transformou o mundo em lugar da bênção! O novo ponto de partida de Deus é a humanidade!
O Papa Francisco tem ajudado (com muitas resistências!) a Igreja retornar para essa fonte espiritual. De fato, com a aprovação da Declaração «Fiducia supplicans», no último dia 18, sobre o sentido pastoral das bênçãos, que versa sobre as bênçãos para casais irregulares e do mesmo sexo, o Santo Padre, pelo documento do Cardeal Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, e em continuidade com o seu Magistério, está ajudando estabelecer e amadurecer o ponto de partida da pessoa e da sua situação concreta. É necessário passar, como afirma o Papa, da Igreja alfândega – onde se diz o que é permitido e o que é proibido, a partir de uma análise moral e jurídica – para a Igreja hospital de campanha – que está mais preocupada em encontrar e aliviar as feridas do mundo. Encarnação.
Interessante que o anjo Gabriel, imediatamente depois, disse a Maria: «o Senhor está contigo!». A graça maior é que Deus está conosco, está conosco! É como se Deus jogasse um feixe de luz na nossa fragilidade, na nossa pequenez. A bênção não é um ponto de chegada, um troféu para os perfeitos, mas sempre um novo ponto de partida, uma recordação: você é portador da graça, o Senhor é contigo! Essa experiência pode ser transformadora para qualquer pessoa! Deus quer estar comigo para que eu nunca me afaste dEle! A Igreja tem a missão de recordar esse amor, sendo amor, para todas as pessoas e desde todas as pessoas.
Convido a meditar essa expressão: «cheia de graça»! Como também eu sou «graça» para o mundo? O que estou ajudando a salvar?
Pe. Maicon A. Malacarne