No evangelho de João, Jesus se apresentou como «a porta das ovelhas» (10,7). Para chegar a Deus é preciso passar por Jesus Cristo. Num contexto diferente, Lucas, na página do evangelho de hoje, apresenta Jesus que convidava: «fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita» (Lc 13,22-30). A metáfora da porta estreita é o convite que faço para oração de hoje! Na Itália, como em boa parte do mundo, celebra-se hoje a solenidade de Todos os Santos. No Brasil, celebraremos no próximo domingo.
A porta estreita lembra que todo seguidor de Jesus precisa trabalhar para transformar-se pequeno, humilde, em pessoa que sabe se abaixar para servir. A estreiteza se trabalha no amor. É o amor que configura a passagem, que desenha o mapa de quem se coloca na estrada de seguir Jesus.
São João da Cruz, na sua grande obra sobre a Subida ao Monte Carmelo, propunha o diálogo entre o tudo e o nada: «Para chegares a saborear tudo, não queiras ter gosto em coisa alguma. Para chegares a possuir tudo, não queiras possuir coisa alguma. Para chegares a ser tudo, não queiras ser coisa alguma. Para chegares a saber tudo, não queiras saber coisa alguma». Esse caminho de esvaziamento para atravessar a porta estreita é próprio do evangelho.
Quando o mundo grita que a felicidade está em ser grande, em ser importante, o evangelho de Jesus Cristo sugere a inversão: descer, fazer-se tão pequeno quanto do tamanho da estreiteza. Jesus recomendava o absurdo do nada: «esvaziou-se a si mesmo tomando a condição de servo» (Fl 2,7).
É por essa construção da pequenez, da humildade, entre erros e acertos, dando-se conta das limitações, mas com os olhos fixos no evangelho que a porta é possível para todas as pessoas!
Pe. Maicon A. Malacarne