No início do evangelho de hoje (Jo 16,12-15), Jesus disse: «ainda tenho muitas coisas a vos dizer!» A obra de Jesus estava incompleta, tinha muito trabalho a ser feito! Depois da morte de Jesus, os seus seguidores são os primeiros responsáveis por continuar aquilo que o Mestre havia testemunhado e ensinado. Não fazem, todavia, sozinhos, porque Jesus prometeu o Espírito Santo, a sua presença para abrir os olhos para os sinais dos tempos e alcançar o futuro!
Alcançar o futuro é fazer o discernimento com Jesus através do impulso do Espírito, ou seja, mais do que imitar os gestos de Jesus, é atualizar a sua vida na nossa realidade! Não se trata apenas de saber ou não o que acontecerá, mas de construir o amanhã mais parecido com o evangelho.
A capacidade de dar esse passo a mais é também uma reconciliação com o tempo! Antever o futuro pode ser assumir uma nova proposta de vida em que ganham espaço o desacelerar, a convivência humana mais reconciliada, o tempo para os amigos e para a família, o deixar o celular mais longe, desligar a televisão… no fundo, é enfrentar a ditadura do presente e do excesso de coisas descartáveis! Uma outra lógica que subverte a gritaria, a velocidade e a impaciência!
Mia Couto diz que o futuro é «abrir as janelas para a esperança!» E sublinha a necessidade de construir caminhos: «o que faz andar a estrada? É o sonho! Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro!» Essa é uma metáfora potente: parentes do futuro, do futuro que é necessário antever para sonhá-lo mais humano, como é o evangelho de Jesus!
Pe. Maicon A. Malacarne