O Cardeal Tolentino, em poesia, escreveu: «só o ombro do anjo permite a visão da luz». Um anjo é sempre alguém que carrega uma boa notícia! Um anjo é anjo porque é mensageiro, porque o que ele comunica é a potência de uma luz maior do que ele mesmo!
Celebramos, hoje, 29, os arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Cada um deles, nalgum momento da história da salvação, comunicou uma mensagem da parte de Deus. A tradição dos anjos e arcanjos é bonita, remete as memórias da infância, de uma fé original.
Vivemos um momento em que se fala mais de demônios do que de anjos, mais de ameaças e de medos do que de consolação e de misericórdia da parte de Deus. A narrativa ‘demoníaca’ intimida as consciências e impõe um pensamento prisioneiro, ao contrário de toda liberdade do coração de Deus e da Sagrada Escritura. É verdade que cada ser humano vive a tensão entre os seus anjos e os seus demônios. É uma luta interior feroz!
O psicólogo estadunidense Rollo May, que discutia a necessidade de compreender cada pessoa integralmente, escreveu: «ser capaz de sentir e viver o amor, exige um confronto com o demoníaco. As duas coisas parecem opostas, mas se uma é negada, a outra também se perde». Rilke, na ‘Carta a um jovem poeta’, escreveu: «se meus demônios me abandonarem tenho medo de que meus anjos também desapareçam». Ambos, pela terapia e pela arte, indicavam a vida como uma tensão permanente entre os anjos e os demônios e saber discernir o lugar de cada um deles é uma tarefa da fé e da vida.
No dia que celebramos e agradecemos aos Anjos de Deus, peçamos a graça de, no confronto dos dias, comunicar mais vida, mais esperança, mais perdão e consolação para um mundo machucado de atitudes demoníacas.
Pe. Maicon A. Malacarne