Jesus era um homem livre! Hoje o encontramos à mesa na casa de um fariseu (Lc 11,37-41). Os fariseus eram conhecidos por uma grande devoção a lei. Para Jesus a lei era fundamental, mas deveria ser compreendida no seu sentido profundo. Nessa casa, o fariseu ficou impressionado porque Jesus não lavou as mãos antes da refeição. De fato, lavar as mãos era um preceito religioso que deveria ser observado em nome da pureza.
Em resposta a esse legalismo, Jesus respondeu: «vocês fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas por dentro estão cheios de roubos e maldades». Resposta dura! Jesus sabia que estava tocando num assunto espinhoso, mesmo assim não deixou de fazê-lo.
A liberdade de Jesus diante da vida não era «fazer o que quiser»! No fundo, essa é a maior das prisões, porque a liberdade sempre é a responsabilidade de conduzir um itinerário de vida. Uma pessoa livre é uma pessoa que está construindo e demarcando as estacas da sua existência e não apenas cumprindo normas exteriores. A liberdade de Jesus era anunciar o Reino do Pai e assumir todas as consequências para isso. Assumir a cruz, nesse sentido, é o ponto mais alto do ser livre!
O Cardeal José Tolentino Mendonça escreveu uma poesia que ajuda aprofundar a oração de hoje:
«Todos os dias abrimos os olhos, mas não o suficiente
Vemos descontentes a imperfeição e a pedra
Olhamos com desgosto – em nós e nos outros –
o avesso e a costura
e não nos damos conta
que poder observar com amor o avesso
se torna preciosa aprendizagem de caminho (…)
Pois aquilo, precisamente aquilo
que hoje identificares como pedra
Deus vem ensinar-te
a transformar em estrela».
Para alcançar a liberdade de Jesus é preciso essa «aprendizagem de caminho» que é capaz de transformar «pedra» em «estrela» e legalismo em sentido! Que toda a nossa verdade seja fundamentada pela coerência e pelo estilo das nossas ações, sem cair na frieza e na rigidez da exterioridade.
Pe. Maicon A. Malacarne