Dentre as recomendações dadas por Jesus para os que enviava em missão, não deixa de chamar atenção a insistência: «permanecei naquela casa, comei e bebei do que tiverem. (…) Quando entrares numa cidade e forem bem recebidos, comei do que vos servirem…» O envio é participar da vida das pessoas, especialmente do encontro na mesa! É bonito demais meditar esse trecho do evangelho no dia de São Lucas, o evangelista que traduziu para suas comunidades o Jesus próximo, da itinerância, sempre do caminho!
Jesus não proibiu nenhum alimento, ao contrário do judaísmo que tinha várias reservas com essa questão! Comer e beber, dentro da missão, é mergulhar na humanidade. Esse mapa que Jesus abre não é só para os batizados, os cristãos, mas para todas as pessoas. Aliás, os enviados do evangelho de hoje são 72, para lembrar as 72 nações conhecidas da época. Ninguém deveria se sentir de fora! O alimento é um dos símbolos mais profundos de uma determinada cultura e os estudos antropológicos dizem que pela comida se conhece determinado grupo. Jesus enviou para conhecer, para entrar, para amar e saborear o mistério que existe em todos os cantos. Nada é estranho, nada é estrangeiro a Deus!
Comer e beber diz sobre uma mesa em que cabem todas as pessoas! Jesus quando falava do céu costumava traduzir em um banquete em que há lugar para todos. O sonho de Jesus é uma mesa sem restrições! A grande realização humana também se dá em ter lugar numa mesa, sentir-se acolhido numa mesa, ser esperado numa mesa.
Jesus concluiu as recomendações pedindo aos que enviava: «dizei a todos que o Reino de Deus está próximo». O Reino é a mesa posta, comida e bebida! O trabalho dos 72 e de cada ser humano é facilitar para que todos encontrem seu lugar, o que exige dom, responsabilidade e discernimento.
Pe. Maicon A. Malacarne