«Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?» é a pergunta feita a Jesus, no evangelho de hoje (Mt 19,16-22). É a interrogação sobre a felicidade, sobre o sentido da vida, que nos acompanha desde sempre. De outra maneira, trata-se da questão moral fundamental! De fato, há 30 anos, em 1993, o Papa João Paulo II escrevia uma Carta Encíclica – Veritatis Splendor – sobre as questões fundamentais do ensinamento moral da Igreja. Todo o primeiro capítulo (nn. 6-27) toma como ponto de partida o evangelho de hoje e a pergunta: ‘o que devo fazer?’
Somos costurados pelo tema dos comportamentos, das atitudes, das formas de «ser». O que é bom e o que é ruim? Curioso que dentro da pergunta do evangelho há um – «de bom» – ou seja, na consciência de cada pessoa já está o chamado a realizar o bem! É verdade também que, muitas vezes, não conseguimos alcançá-lo – «não faço o bem que quero e faço o mal que não quero!» – escreveu São Paulo aos Romanos (7,19).
O itinerário traçado pelo evangelho amarra a pergunta com a Lei de Deus, os mandamentos, e o convite a seguir Jesus! Esta é a essência do «devo fazer» cristão: conjugar a liberdade humana, o caminho a ser feito com Deus através dos mandamentos e o ponto mais alto do evangelho, o amor, essência do seguimento de Jesus Cristo. Este último, traduzido por Jesus de maneira muito potente: «vai, vende tudo que tens e dá aos pobres, depois vem e segue-me»! Não se trata de uma atitude isolada ou filantrópica, mas a exigência de que o seguimento significa descentralizar, ampliar a vida, ser feliz com os outros, possibilitando que especialmente quem tem a vida mais ameaçada possa viver!
No fundo, a pergunta «o que devo fazer?» só tem sentido, pela fé, no encontro com Jesus Cristo. Podemos saber tudo de lei, de doutrinas, de códigos, de vídeos de youtubers, de preceitos e isto pode ser muito bom, mas se falta o encontro, se falta a intimidade, se falta o «depois, segue-me!», falta tudo!
Pe. Maicon A. Malacarne