«O Filho do Homem vai ser entregue pelos homens» diz parte do evangelho de hoje (Lc 9,43-45). A expressão já aponta uma contradição: de um lado, aquele que buscou resgatar a humanidade de toda sua catástrofe traduzida em exclusão, em dor, em sofrimento… de outro lado, os «homens» do poder que se sentiam ameaçados pela humanização que Jesus resgatava.
De fato, o título «Filho do Homem» é um dos que Jesus mais apreciava. Segundo os estudiosos, aparece 83 vezes nos 4 evangelhos: 12 em João, 13 em Marcos, 28 em Lucas e 30 em Mateus. A expressão «Filho do Homem» tem raízes no Antigo Testamento, particularmente, em Daniel e em Ezequiel.
Em Daniel 7,1-28, o profeta descreve o império dos Babilônicos, dos Persas, dos Medos e dos Gregos com a aparência «animalesca». Com a brutalidade e a violência com que vivem as suas relações e impõem suas forças, negam o humano, o rosto humano, e guardam formas monstruosas. Porque matam, negam a humanização. A superação, o depois desses reinos da morte é o Reino de Deus onde a maior de todas as tarefas é resgatar o humano! Essa é a missão do «Filho do Homem».
Ao tomar esse título, Jesus se coloca em profunda comunhão com o itinerário dos profetas e profetizas da história cujo ponto de partida e o ponto de chegada é o ser humano, não como centro dominador, mas ponto de relação, de rede, de abertura para toda forma de vida.
Participar da vida de Jesus Cristo, ser cristão, é entrar na dinâmica do Filho do Homem, onde o centro é promover e guardar a humanização. Quanto mais humanos, mais divinos; quanto mais agressivos aos humanos, mais distantes de Deus! Esse é o lugar da oração de hoje!
Pe. Maicon A. Malacarne