O evangelho desse domingo (Mt 5,17-37) é uma forte chamada de atenção de Jesus a respeito das máscaras que escondem as nossas hipocrisias e que, muitas vezes, aparecem revestidas de «cumprimento da Lei». No fundo, são «aparências da Lei», a típica prática dos fariseus e dos mestres da Lei. Não basta saber da Lei, tê-las decorado e fazer longos discursos quando a tentativa é negar a obrigação do amor. A plenitude da Lei, para Jesus, é o amor que atravessa todas as relações!
O evangelho cita quatro exemplos onde a vivência do amor deve ser o «passo a mais» dos seus seguidores em relação ao apego a letra da Lei:
1) «Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal». Para Jesus, não basta não matar, é preciso opor-se a tudo que gera o círculo de morte e testemunhar relações em que a vida é promovida.
2) «Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração». Não basta não cometer adultério, é preciso não viver uma vida «adúltera» que reduz as relações a objetos de desejo e as pessoas ao prazer.
3) «Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério». A mulher não é propriedade do homem, ao tratar a questão do divórcio, Jesus retoma a responsabilidade da aliança do amor que deve ser vivida com maturidade e não tornando o outro uma posse.
4) «Vós ouviste também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus». A prática comum do juramento deve ser superada pela lógica da confiança que anula a infidelidade.
Jesus provoca nos seus discípulos um estilo de vida em que o papel da Lei é despertar a liberdade e a vivência total do amor, cujo ponto de partida são as Bem-Aventuranças: felizes, felizes…