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O maior milagre é não parar!

«Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados», conta o evangelho desse domingo (Lc 17, 11-19). Diferente de outros textos, quando os 10 leprosos se aproximaram e pediram a purificação, Jesus disse «ide apresentar-vos ao sacerdote», ou seja, não realizou um sinal diante deles, mas pediu para se colocarem a caminho. No caminho, ficaram curados!

É isso que tantas vezes falta, a força de caminhar, a superação daquilo que nos mantém parados, pisoteando o mesmo lugar, olhando pela mesma janela, repetindo sempre a mesma coisa. O «ide» de Jesus é o convite fundamental para encontrar o respiro do nosso mergulho na ditadura da mesma coisa.

Os leprosos eram dos grupos mais excluídos do tempo de Jesus. O livro do Levítico sentenciava que «enquanto durar a enfermidade o leproso morará à parte, fora da comunidade». Por algum motivo os leprosos não sentiram medo de serem castigados ao se aproximarem de Jesus. Encontraram acolhida, embora, sublinha o evangelho, «pararam à distância», conforme dizia a Lei. Ao enviá-los ao sacerdote, Jesus estava rompendo o limiar que separava pureza e impureza. É que o sacerdote era o sinal maior da pureza e os leprosos o sinal maior da impureza. «Ide ao sacerdote», no fundo, significa dizer «atravessa o limite», «escancara as estradas», «rompe a porta». Em Jesus Cristo não há mais divisão entre puros e impuros, porque o amor não conhece essa separação, o amor não é articulado por maiores e menores.

A nossa condição humana, a nossa limitação, a nossa «Samaria» é o lugar do amor de Deus! Deus ama aquilo que somos e a maior de todas as graças é ser o que se é, deixar cair todas as máscaras e viver a comunhão profunda com o Pai. É a nossa lepra que merece o maior amor, não o afastamento, não a invisibilidade! Deus dá nome a dor de cada pessoa e convida a um caminho de cura!

Dos 10 curados, 1 voltou para agradecer. Retornar a Deus não é uma obrigação, mas é um sentido! Deus não vai ser melhor com alguém porque é mais ou menos agradecido! Temos de superar a ideia de um Deus que «devolve» aquilo que faço, ou «retribui» o bem ou o mal realizado. Isso é o esforço de tornar Deus do nosso tamanho, colocá-lo dentro da nossa caixa de compreensão o que biblicamente significa idolatria. Voltar para Deus é voltar para a comunhão, é voltar para aquilo que realmente se é, é voltar para o lugar da gratidão permanente, apesar de tudo!

Não parar, encontrar o milagre no caminho e sentir-se amado por Deus, não obstante as nossas «lepras» é um bonito percurso de meditação para hoje!

Pe. Maicon A. Malacarne

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