A Maiane saiu em setembro de 2021 de Dois Vizinhos, no Paraná, para ser missionária em Guiné-Bissau, na África Ocidental. Alguns meses antes, em maio, seus pais positivaram para a Covid. A mãe faleceu dia 21 e o pai, dia 24. No momento que tudo indicava o fechamento, a tristeza e a revolta, a Maiane escolheu o caminho da abertura, transformou o vazio em vontade de fazer o bem, de partir em missão. Vendeu o que tinha, fechou o consultório de fonoaudiologia, pediu um tempo do outro trabalho como funcionária pública.
Em Guiné-Bissau, boa parte do tempo colaborou no campo da saúde, especificamente na área da desnutrição em um hospital. Os olhos brilham sempre que fala das crianças! Na maioria das fotos, sempre está rodeada delas! Além disso, se transformou em motorista, em cozinheira, em professora… em muitas versões de Maiane. No fundo, missão é ser, mais do que fazer, é esse «mais» do mundo que somos!
Um ano depois, Maiane está retornando ao Paraná. É a mesma Maiane e é outra Maiane! Sempre somos muitos! Acontece que no fechamento, reduzimos e na abertura, ampliamos! Maiane escolheu o caminho de expandir, de descentralizar, de viver para fora de si! Da experiência avassaladora da perda e do sofrimento, fez o que Adélia Prado escreveu em poesia: «eu ponho o amor no pilão com cinza e grão de roxo, e soco! Macero ele, faço dele cataplasma e ponho sobre a ferida». É o amor que cura tudo!
São Francisco quem dizia para tomar cuidado com a vida porque, talvez, «único evangelho que as pessoas vão ler». A vida da Maiane é o evangelho desse domingo traduzido na prática: não se pode servir a Deus e ao dinheiro – é tornar a vida sempre maior, expandir o lugar de Deus, a unidade com o outro, com a humanidade inteira, na responsabilidade urgente de sempre tornar a vida uma missão!
Pe. Maicon A. Malacarne