Filipe talvez tivesse razão quando perguntou pra Jesus: «Senhor, mostra-nos o Pai, isso basta!» No fundo, Filipe buscava uma resposta, um ponto de chegada! É verdade que, aparentemente, seria mais fácil acreditar em um destino já traçado! No entanto, essa possibilidade não cabe no evangelho porque fere o maior dom de Deus: a liberdade! Onde há destino, não há espaço para o discernimento, para as escolhas e até para o arrependimento.
Hoje ouvimos Jesus dizer no evangelho (Jo 14,6-14): «Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim!» Não se trata de uma doutrina fechada, mas de um convite a caminhar e descobrir o caminho. A fé é essa porta que se abre para o lado de fora, para o lado da estrada e que cada um, no seu tempo, é chamado a percorrer! Cada pessoa, em cada idade, na sua condição, é chamada a fazer um caminho para Jesus e com Jesus! Cada experiência é muito particular!
O grande convite é caminhar, caminhar do lugar onde estamos, caminhar com esperança! O poeta Charles Péguy em um livro chamado «O pórtico do mistério da segunda virtude» escreveu: «me enche de admiração que aqueles pobres filhos vejam como vão as coisas e que acreditem que será melhor amanhã de manhã!»
Acreditar que amanhã será melhor, que as coisas podem mudar, que é preciso olhar para a frente, abrir as janelas, calçar os tênis é próprio de quem não desistiu do caminho, é próprio de quem entendeu o convite de Jesus! É o «passo a mais» que nem a Inteligência Artificial, nem os algoritmos conseguem alcançar. Os apóstolos Filipe e Tiago, da festa de hoje, são referências nesse percurso de fidelidade e de liberdade!
Pe. Maicon A. Malacarne