Silvano Fausti, biblista jesuíta, dizia que cada ser humano vive duas gestações: a primeira, na barriga da mãe; a segunda é a gestação depois do nascimento e na direção da vida para sempre. O amanhã está bem amarrado ao hoje e preocupar-se com o amanhã significa viver bem o hoje.
De fato, o evangelho dessa quarta (Mc 12,18-27) apresenta um grupo de saduceus (que não acreditava na ressurreição) criando uma história para provocar Jesus: «Mestre, Moisés deu-nos esta prescrição: ‘Se morrer o irmão de alguém, e deixar a esposa sem filhos, o irmão desse homem deve casar-se com a viúva, a fim de garantir a descendência de seu irmão’. Ora, havia sete irmãos, o mais velho casou-se, e morreu sem deixar descendência. O segundo casou-se com a viúva, e morreu sem deixar descendência. E nenhum dos sete deixou descendência. Por último, morreu também a mulher. Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de quem será ela mulher?»
Além do ponto da ressurreição dos mortos, estão envolvidos temas caros como da hereditariedade, da geração de filhos, e da sobrevivência da mulher (garantias da lei do levirato – Dt 25,5). A partir da história inventada, Jesus denunciou os enganos a respeito da vida e chamou os saduceus para ir a raiz da questão: não se trata de saber o que vem depois, mas o que estamos fazendo da vida hoje.
Para exprimir o centro da questão, Jesus retomou o livro do Êxodo, muito respeitado pelos saduceus, e evidenciou a dimensão relacional de Deus: «o Deus ‘de’ Abraão, o Deus ‘de’ Isaac, o Deus ‘de’ Jacó». O «de» é fundamental porque não se trata de um Deus que vem ‘depois’, mas que já, agora, começa a revelar o seu rosto e a sua companhia. Deus está no meio de nós!
A preocupação com a morte é importante quando ilumina a vida e torna-a maior! Não se trata, portanto, de fazer cálculos e tentativas de adivinhações sobre o que vem depois, mas de construir relações novas radicadas no amor. De fato, a melhor forma de vencer o medo da morte é aprendendo a amar cada dia um pouco mais: «o amor é mais forte do que a morte» (Ct 8,6).
Pe. Maicon A. Malacarne
Bom dia
Parabéns pelos textos, sempre um aprendizado novo, eu ainda temo a morte minha e de meus familiares, sei que deveria crer, mesmo assim tenho
Muito obrigado!
Grande abraço!