Jesus sugeriu a experiência mais paradoxal de Deus: há uma potência que só os perdidos conhecem, de serem encontrados no amor! De fato, de nada adianta uma máscara de perfeição quando centrada no egoísmo, na vanglória, na autossuficiência, na virtude sobre si mesmo. A moeda perdida e a ovelha perdida contam as histórias mais bonitas de abrirem o espaço para serem encontrados!
Quem encontra é o amor, só o amor é capaz de «deixar tudo», de «procurar» de «varrer até encontrar», de «fazer festa»! Só o amor consegue ser feliz com quem se perdeu! Muitos que se autodenominam virtuosos, correm o risco de se preocupar mais em fazer alguma análise moral, verificar os códigos de conduta, considerar a rigidez, avaliar as normas… Para esses, é reservada a distância da festa dos que se deixaram encontrar! É que a virtude sem a fecundidade do amor é fechada, não se expande e termina em si mesma.
Nenhuma situação, nenhuma experiência, por mais «perdida» que possa ser, é bloqueada de encontrar o amor! Deus é a fonte que corre ao encontro porque é amor sempre aberto. Não significa dizer que não ama as 99 ovelhas, as 9 moedas. Ama, ama, mas ama de tal maneira que se expande, que descentraliza, que fecunda o amor para gerar mais amor. Amor bloqueado, fechado, é amor que termina, não é o amor de Deus!
Ao mesmo tempo que o evangelho de hoje (Lc 15,1-10) é um ícone do amor-misericórdia, é também uma grande chamada de atenção, especialmente as pessoas religiosas, que corem o risco de se considerar mais puras e sagradas! É fundamental meditar sobre a qualidade da vida, sobre o amor, sobre os julgamentos, sobre as vaidades, sobre a distância que podemos estar do evangelho! Talvez, mais do que nunca, na pretensão de sermos os melhores, somos os perdidos que Deus procura encontrar para furar a bolha e gerar um amor por fora da autorreferencialidade.
Pe. Maicon A. Malacarne