Rainer Maria Rilke escreveu uma coleção de poesias chamada de “vida de Maria”. Uma delas recebeu o título de “Pietá” – Nossa Senhora com Jesus morto nos braços:
Minha miséria agora é completa.
Algo sem nome apoderou-se do meu ser.
Imóvel, como se fora pedra, o cerne também de pedra.
Cresceste…
cresceste muito até alcançar a grande dor
que meu coração não pode compreender.
Jazes deitado obliquamente no meu colo
e então,
então é impossível de novo te gerar.
É como se Rilke entrasse no coração de Maria! É como se verbalizasse seu sofrimento, emudecesse com seu silêncio, chorasse com suas lágrimas! De fato, hoje, dia de Nossa Senhora das Dores, mergulhamos nesse mistério tão profundo que é o sofrimento! Vida e morte se misturam! É difícil saber onde começa um e onde termina o outro.
Ao não poder mais gerar o filho, Maria gerou a ressurreição, gerou a atitude que o evangelho de hoje assinala: “aos pés da cruz de Jesus, estava de pé a sua mãe”. Maria é tantas Marias que permanecem levantadas, que não se entregam, que resistem, consolam, esperam, contra toda prostração!
Ficar de pé! Ficar de pé! Ficar de pé! Se pode repetir várias vezes hoje! Que Nossa Senhora das Dores nos ensine, nos ajude, nos sustente com a força de, apesar de tudo, ficar de pé!
Pe. Maicon A. Malacarne