Foi o francês Jean de La Bruyère que escreveu a expressão: «o escravo tem um só senhor, o ambicioso tem tantas quantas forem as pessoas úteis para seu sucesso». O autor denunciava que a pessoa ambiciosa é esperta em instrumentalizar todos que se aproximam para serem uma espécie de engrenagem para sua carreira. Quando percebe que não são mais úteis, o ambicioso também é rápido em desprezar. No fundo, é um escravo das suas abstrações!
No evangelho de hoje, a mãe de Tiago e João não controlou a ambição e pediu a Jesus: «manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda» (Mt 20,17-28). É que Jesus falava da sua morte e da sua ressurreição. Tiago e João já tinham participado de muitos momentos da vida de Jesus, escutado seus ensinamentos, mas, no fundo, a mãe partilhava o grande desejo humano de poder, de destaque, de privilégio, de ser o primeiro. A resposta de Jesus é direta: «entre vocês não deve ser assim! Quem quiser tornar-se grande, torne-se o servidor de todos». A lógica de Jesus é outra: o maior é o menor, o grande é o pequeno, o mais importante é servir!
Na estrada da quaresma, trata-se de rezar a capacidade de descentralizar-se para tornar-se sempre mais relacional. Quando crescemos nas relações, nos vínculos, na abertura, temos a chance de crescer no amor-serviço que nos torna mais semelhantes a Jesus e maduros na escola do evangelho.
Pe. Maicon A. Malacarne