O Pe. Giovanni Vannuci dizia que ter fé é ganhar «uma nova visão de todas as coisas»! Trata-se de enxergar a novidade da história nas contradições de cada tempo! Uma pessoa de fé, assim, é uma pessoa de esperança, alguém capaz de encontrar um feixe de luz no meio das trevas, porque em tudo há uma novidade que Deus pede para ser descoberta! A esperança está sempre entre o ilusório otimismo e o fracassado pessimismo!
O evangelho de hoje conta sobre a cura de dois cegos (Mt 9,27-31). Gostaria de convidar para rezar um aspecto muito interessante. No início, o texto diz exatamente que «dois cegos seguiram Jesus gritando»! Como pode dois cegos seguirem alguém se são cegos?
Talvez a intenção seja exatamente essa: é no paradoxo, na incerteza, na estranheza que o milagre é possível! Quase sempre nos apegamos ao território das evidências, não gostamos das dúvidas e preferimos uma espécie de racionalismo puro e permanente! Tudo deve ser minimamente explicado! Não é difícil, por exemplo, perceber que quando estamos diante de uma obra de arte que não entendemos, logo, chegar à conclusão de que «não tem sentido, é feia…». Tudo deve ter o «nosso» sentido? Todas as coisas devem ser a revelação da «nossa racionalidade»? A verdade é que Deus atravessa essa fronteira. O paradoxo é o lugar de Deus! A pergunta é o lugar de Deus! A falta de lógica pode ser o lugar de Deus!
A fixação pela certeza pode tornar-se um fechamento para a graça! Quando se quer respostas para tudo, talvez, não haja mais espaço para Deus! É no território da busca continua, da meta, do projeto de vida, que vamos buscando as luzes, por menores que sejam, para iluminar os dias e o futuro! No final das contas, como escreveu Paul Claudel, «a vida é uma grande aventura na direção da luz»!
Pe. Maicon A. Malacarne