Jesus diz: «vinde a mim» (Mt 11,28-30). Trata-se de um elemento espiritual de grande força! Podemos tratar a religião como um conjunto de normas e códigos para «acessar» Deus. A boa notícia de Jesus é outra: «vinde»! Por mais importantes que sejam, as leis, a organização, os planejamentos devem facilitar a humanidade a ouvir e responder este chamado: «vinde». O coração de tudo está em Jesus, está em perceber que caminhando na direção dele, caminhamos na direção daquilo que somos, na meta da humanidade.
Não se trata, nem mesmo, de pensar que esse «vinde» se alcança com as nossas forças, as nossas capacidades, os nossos certificados. A resposta ao amor maior é deixar que esse amor cresça em nós, tornar-se morada de Deus, desenhar no nosso coração um novo mapa de Belém. Ir a Jesus é viver de Jesus! Ir a Jesus é formar comunhão com o amor e dilatar-se no amor. A revolução copernicana é permitir que Jesus, que chama sempre – vinde! -, se transforme em toda a nossa vida, ganhe espaço em toda a nossa vida! Este é o passo de uma humanidade cansada e fatigada na direção do descanso.
Interessante: não se trata de um acontecimento exterior, um toque de mágica, senão o encontro conosco mesmos em Jesus. O descanso que tanto precisamos é a reconciliação com o que perdemos de nós, com os nossos fragmentos, com o excesso de máscaras, com os traumas e os medos. O «vinde» de Jesus sempre será um «seja, comigo, o que você é!».
Etty Hillesum, quando experimentou este «vinde», no meio da tragédia do nazismo, registrou no seu Diário: «tentarei integrar tudo em mim». Bonita também a poesia espiritual de Murilo Mendes: «Eu me sinto um fragmento de Deus/ Como sou um resto de raiz/ Um pouco de água dos mares/ O braço desgarrado de uma constelação».
Com a intercessão de Santa Luzia, hoje, pedimos a graça de que o «vinde a mim» seja um grande abrir de olhos, um despertar que o advento acelera!
Pe. Maicon A. Malacarne