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Maria, o nosso futuro!

O terceiro capítulo do livro do Gênesis apresenta um mapa de como, desde o princípio, o ser humano carrega o ímpeto de fugir da relação e flertar com a autorreferencialidade. Deus não criou o mal, ou seja, ele não é da natureza, mas entrou no mundo. De fato, depois do «jardim», da harmonia, do diálogo criador, a cena apresenta Adão e Eva escondidos e envergonhados porque cortejaram o mal. Quando o ser humano se acha o centro de tudo e de todos, Deus não tem mais espaço! A tradição chamará essa tendência de «pecado original».

Maria, Imaculada Conceição, é a «cheia de graça», aquela que devolveu para a humanidade o princípio do «sim a Deus». Não se trata de uma negação do humano, senão da elevação do humano, da antecipação do que a humanidade pode vir a ser – toda humana e toda divina! A Imaculada Conceição é o mapa do nosso futuro, é a possibilidade de regressar ao jardim, de reinaugurar o princípio do amor!

Se a busca pelo «eu» evidencia nossa tragédia, Maria carrega a voz da humanidade redimida: «eis-me aqui! Faça-se em mim…» (Lc 1,26-38). Maria é Imaculada porque, humana, acolheu integralmente Deus, fez-se totalmente morada de Deus, tornou-se perfeitamente discípula de Deus. O «sim» de Maria é o «não» a qualquer pretensão de viver sem o outro, de violência contra o outro, de negação do outro. O «sim» de Maria é o «sim» a toda relação, a todo encontro, a todo diálogo, a todo gesto de abertura, de escuta e de acolhida. Maria é Imaculada porque soube reconciliar o passado, viver bem o presente e salvar o futuro!

O Ofício das Leituras, da solenidade de hoje, guarda a preciosa meditação de Santo Anselmo e conduz a nossa oração comum nos passos de Nossa Senhora, para viver bem o nosso «sim» de cada dia: «Ó mulher cheia e mais que cheia de graça, o transbordamento de tua plenitude faz renascer toda criatura! Ó Virgem bendita e mais que bendita, pela tua bênção é abençoada toda a natureza, não só as coisas criadas pelo Criador, mas também o Criador pela criatura!».

Pe. Maicon A. Malacarne

1 comentário em “Maria, o nosso futuro!”

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