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Mais vida, desde o deserto!

João Batista e o deserto formam um cenário do segundo domingo do advento.  De fato, o evangelho de Marcos inicia colocando o fundamento para que o evangelho de Jesus Cristo seja assumido: «João Batista apareceu no deserto» (Mc 1,1-8). João é o ponto de chegada de toda a profecia que preparava a vinda do Messias. O deserto é um novo ponto de partida. 

A vida espiritual ganha um traço fundamental na espiritualidade de João, personagem emblemático que escolheu a estrada da atenção, uma espécie de mística dos olhos abertos: «Depois de mim virá alguém mais forte do que eu». É a espiritualidade que é de intimidade e não de intimismo, sempre solidária e aberta.

O local para viver este «estilo Batista» é o deserto e a experiência do vazio. Desde o deserto, João batizava, convidava a conversão e testemunhava um estilo de vida simples. O deserto é uma espécie de ventre onde Jesus é gestado, amado e encontra espaço para crescer. Se o corpo de Maria é o lugar da encarnação de Deus, o deserto é o lugar onde Deus encontra ressonância através da sensibilidade de João.

O deserto, como a espiritualidade, não é uma fuga do mundo, senão um jeito de estar no mundo, um estilo de vida. Thomas Merton dizia: «não vamos para o deserto com o intuito de fugir das criaturas e sim para aprender como encontrá-las». Viver no deserto é escolher a comunhão de uma forma mais presente. O deserto é uma cura do olhar, de um olhar distraído e poluído, na direção de um olhar cuidadoso e atento, que integra os fragmentos, olhar do pastor, no quadro desenhado pelo profeta Isaías:«ele apascenta o rebanho, reúne, com a força dos braços, os cordeiros e carrega-os ao colo» (Is 40,11).

O advento é tempo de escolher e assumir o deserto. O deserto tem a ver com o silêncio, a meditação, o esvaziamento, o olhar em outras direções, o dar espaços para outros pensamentos, deixar questionar as certezas, assumir a escuta, respirar mais tranquilamente, falar menos, viver mais para discernir a direção do essencial.

Pe. Maicon A. Malacarne

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