O encontro feliz entre Maria e Isabel é traduzido pelo teólogo e poeta Ermes Ronchi como «La dança dei grembi» (‘A dança dos ventres’), que dá título também a um dos seus livros! De fato, no início da fé cristã está um encontro de alegria, de exultação, de generosidade que não tem fim em si mesmo. Duas mulheres grávidas pelo «Deus do impossível», duas mulheres que, não obstante as dificuldades de cada dia, perceberam a ação de Deus na história!
Fruto do encontro é o canto que Maria oferece a Deus no evangelho de hoje (Lc 1,46-56). O mesmo Ermes Ronchi escreve: «Isabel introduziu a melodia e Maria tornou-se música e dança, seu corpo, um salmo: minha alma engrandece o Senhor!» Tudo se torna Magnificat! Tudo canta a grandeza de Deus! De fato, Magnificat significa tornar Deus maior! É abrir, ampliar a janela da nossa vida para a graça de Deus!
O Cântico de Maria recorda muitas coisas fundamentais, mas, uma delas talvez seja a mais fundamental: primeiro foi Deus! Foi Deus quem olhou e fez grandes coisas, foi Deus quem mostrou a força do seu braço e dispersou os soberbos, foi Deus quem derrubou dos tronos os poderosos e elevou os humildes, foi Deus quem encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias, foi Deus quem socorreu e consolou! Foi Deus, foi Deus… Porque corremos o risco de achar que tudo se traduz no nosso esforço, no nosso empenho, na nossa vontade.
Em certa altura da vida, São Paulo percebeu: «basta a tua graça» (2 Cor 12,8-9). Não significa omitir-se da responsabilidade, mas de abrir espaço, expandir aquilo que somos, permitir que a graça aconteça na história! De mãos dadas com a memória e com a História da Salvação, rezar hoje o Magnificat é, como também disse Ermes Ronchi, «olhar com Maria pela janela do futuro»!
Pe. Maicon A. Malacarne