No canto II, no Inferno da Divina Comédia, aparecem três mulheres que são referências para Dante: Santa Luzia, Beatriz e Raquel. Beatriz era o grande amor de Dante e como na poesia ele estava com medo de se lançar no percurso daquela viagem (Inferno-Purgatório-Paraíso), Santa Luzia pediu que Beatriz intercedesse pelo amado: «não vais salvar quem mais te amou?» É o momento da tomada de consciência de Beatriz para buscar Dante e incentivá-lo a «fazer o caminho».
Hoje é dia de Santa Luzia! O mapa da minha vocação começa ser desenhado numa pequena comunidade chamada Santa Luzia. Lembro bem da imagem de uma mulher que guardava um pequeno prato com dois olhos na mão direita. Luzia significa luz. Uma tradição posterior, que não está registrada nos principais livros de Luzia, diz que a santa teve os olhos arrancados pelo seu marido que a denunciou para as autoridades por ser cristã. Sem os olhos, ela continuou vendo! É aclamada, até hoje, como padroeira dos olhos! Luzia foi condenada à morte, teve o pescoço cortado e tornou-se uma das maiores mártires da história cristã.
Dante Alighieri que dialoga muito nos termos da escuridão e da luz atribui a Luzia um milagre que o fez «ver novamente». Não se sabe se é uma cegueira física ou um milagre de uma nova visão sobre os acontecimentos, já que, antes de Luzia falar com Beatriz, assim se referiu a ela Raquel: «aquele teu adepto fiel precisa da tua ajuda e a ti o recomendo».
Há alguns meses estive na Igreja que guarda os restos mortais de Santa Luzia, em Veneza! É um lugar tremendo de significado e de beleza! Luzia ajude todos a encontrar a luz! Interceda por nossos olhos, para que livres de todas as doenças físicas e cegueiras do cotidiano, possamos contemplar, como Dante, no Paraíso, a glória de Deus, beleza que passa pela mediação do amor!
Pe. Maicon A. Malacarne