Somos muito apegados ao passado! Temos dificuldade de ver as coisas novas escondidas no presente e, por isso, colocamos a segurança na marcha ré. Pensemos na dificuldade que temos de compreender os jovens e a forma como se relacionam com o mundo, a maneira plástica com que estabelecem conexões e redes. Temos dificuldade de reconhecê-los portadores da novidade e, por isso, há um esforço de apontar o passado como meta e o saudosismo como esperança!
Nesse contexto, João Batista, no evangelho de hoje (Lc 1,5-25), aparece como um filho da promessa, um salto para o futuro. Na verdade, João representa a descontinuidade e recorda, também na proximidade do Natal, que a história não é linear. Seus pais, já idosos, já não tinham esperança de ter um filho e isso significava uma vergonha imensa e a certeza de que Deus não os tinha abençoado! É aqui, exatamente aqui, que Deus atravessa a história e faz de uma mulher estéril e envergonhada, uma mulher grávida, ou seja, uma mulher com esperança de futuro! Zacarias, o marido, duvidava dessa notícia, mas soube compreender e amadurecer com o passar dos dias.
O Antigo Testamento abria as portas para o Novo Testamento e João Batista é a dobradiça da porta: «é para que Jesus cresça e eu diminua» disse, mais tarde! João não foi sacerdote como o pai, mas foi caminhante, descontinuou tradições e expectativas, até as mais cotidianas, porque «se cobria de pele de animais e se alimentava de gafanhotos…» João não foi homem da Lei, mas do testemunho e da fidelidade até o fim, quando cortaram a sua cabeça e a entregaram no banquete de Herodes.
João é a promessa que não podemos deixar de enxergar ainda hoje! Celebrar o Natal é celebrar um salto para o futuro, sem apegos, sem pensar que as coisas voltarão a ser como era antes! O Natal é a festa da alegria e das surpresas de Deus em toda a história! O Natal é a confiança total na novidade! É um salto na promessa do amor!
Pe. Maicon A. Malacarne