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«Jesus viu…»

Em O Cristo cigano, Sophia de Mello Breyner fala que somos mobilizados por uma continua procura interior: «A noite abre os seus ângulos de luz, e em todas as paredes te procuro! A noite ergue as suas esquinas azuis, e em todas as esquinas te procuro! A noite abre as suas praças solitárias, e em todas as solidões eu te procuro! Ao longo do rio a noite acende as suas luzes, roxas, verdes e azuis, eu te procuro!». A verdade é que sempre procuramos algo! A procura é uma vocação humana e é uma condição da nossa identidade! Deus é para ser procurado, é uma busca permanente e quanto mais o encontramos, mais queremos encontrá-Lo.

O evangelho de hoje, festa de Santo André, Apóstolo, lembra que também Jesus procurou: «viu, se aproximou, chamou» Pedro e André para segui-lo (Mt 4,18-22). Das redes da pesca, para as redes do Reino, a procura de Jesus configurou uma vida nova para os dois irmãos: «eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram». No mesmo relato, Tiago e João também são convidados a fazer parte da primeira comunidade dos discípulos.

É importante dar-se conta que no movimento que procuro Deus, também sou procurado por Deus! É uma espiritualidade da abertura e da graça, do movimento e da paciência. Deus procura, procura de novo, e sabemos por causa do Evangelho. Deus passa pela nossa vida onde nós estamos: no barco, nas redes, no mar, na universidade, na fábrica, no escritório, na roça, no luto e na luta! Deus passa pelo nosso cotidiano, pela nossa história e convida para segui-Lo, ou seja, construir um novo mapa da existência, um itinerário com significados diferentes. Seguir Jesus é mudar o estilo de vida, organizar o programa, realinhar as prioridades: o «farei de vocês…» guardado pelo evangelho é muito potente!

Procurar, procurar, procurar…, mas, sobretudo, deixar-se encontrar! Ele é quem passa primeiro, Ele é quem nos encontra primeiro!

Pe. Maicon A. Malacarne

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