O padre e poeta David Turoldo escreveu com razão que «acreditar é entrar em conflito». Não que o conflito seja o ponto de partida de quem tem fé, de maneira nenhuma! O conflito, as rupturas, as descontinuidades são consequências de quando se assume um estilo de vida com fidelidade!
É dentro desse contexto, da proposta que Jesus assumiu, que conseguimos compreender as palavras difíceis do evangelho de hoje: «Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! (…) Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão» (Lc 12,49-53).
É espantoso e dramático ouvir Jesus falando de incendiar e de dividir! Quando o evangelho de Lucas foi escrito, esta era a realidade das pequenas comunidades: perseguidas, condenadas e mortas pela fé. Esse é o ponto! Acreditar em Jesus não era manter-se neutro com as barbáries do Império Romano, mesmo que isso significasse romper com pessoas da própria família. A paz não vem em permanecer em cima do muro.
Seguir Jesus significa assumir um estilo de vida, de paz, de compaixão, de misericórdia, de perdão, de justiça e de verdade que, hora ou outra, vai exigir enfrentamentos e rupturas que podem ser como que um «fogo» para nossa vida! E é preciso se queimar para não ficar à margem de nós mesmos! É sobre essa exigência que escreveu o Papa Francisco: «mas não podemos fazer um cristianismo um pouco mais humano – dizem – sem cruz, sem Jesus, sem despojamento? Dessa forma nos tornaríamos cristãos de pastelaria, como lindos bolos, como boas coisas doces! Muito lindos, mas não cristãos verdadeiros» (Discurso do Santo Padre em Assis, 04/10/2013).
Pe. Maicon A. Malacarne