Expandir a vida!
Teilhard de Chardin dizia que o plano de Deus é cristificar o universo, transformar tudo em «outro Cristo». Para isso, a evolução humana ganha um papel fundamental porque é sempre abertura. O poeta latino Ovídio, no compêndio de mitos chamado «Metamorfoses» escreve que o ser humano foi criado da terra misturada com a água da chuva, mas, com uma diferença muito grande dos outros seres vivos: enquanto aqueles devem manter o rosto voltado para o chão, o ser humano recebeu a ordem de estar com a face voltada para o céu. A abertura é para o outro e sempre para o totalmente Outro.
No evangelho de hoje (Lc 19,11-28) Jesus contou uma parábola para ajudar a compreender sobre o tempo da chegada «do Reino». Trata-se de um homem que partiu para ser coroado rei e chamou dez dos seus empregados para entregar cem moedas de prata para cada um. Mesmo sendo odiado pelos concidadãos o homem voltou como rei e chamou os dez empregados a fim de saber quanto cada um havia lucrado. Um deles multiplicou em dez vezes as cem moedas, o outro, multiplicou cinco e um terceiro escondeu as moedas com medo da severidade do homem. Uma das conclusões da parábola é: «a todo aquele que já possui, será dado mais ainda».
A expressão não deve ser lida com chave financeira, mas como um grande convite a expandir os dons que temos, isto é, a tornar maior a vida. A vida que recebemos não é para ser escondida, guardada, mas aberta, partilhada, ou mesmo, «cristificada». A vida «rende» quando disposta as relações, a amizade, a partilha, a fecundidade, a reciprocidade e aberta ao transcendente.
É como escrevia Rilke: «a vida tem razão em todos os casos»!
Pe. Maicon A. Malacarne