«Eu quero», respondeu Jesus ao leproso que tinha se aproximado e, de joelhos, implorado a cura (Mc 1,40-45). O «eu quero» de Jesus é uma bússola para orientar a nossa oração. Deus quer os seus filhos curados! Toda a carga do Antigo Testamento colocava sobre os ombros dos leprosos a maior de todas as penas – a exclusão e o castigo eterno. Jesus, não só tocou o leproso – transgredindo a lei – como devolveu a sua condição de filho amado!
Em nome de determinada moral (ou moralismo!), tornamos habitual a separação entre pessoas puras e impuras, boas e más, como se tivesse uma régua para medir as perfeições e as imperfeições. O «eu quero» de Jesus coloca no centro o sofrimento de uma pessoa, a exclusão de um ser humano, a dor que carregava. Para Jesus, não importava tanto o que a pessoa fazia ou deixava de fazer, senão aquilo que ela podia viver daquele encontro em diante: a condição de filho! Separar as pessoas em nome de Deus é uma das formas mais violentas de instrumentalizar o Evangelho de Jesus que é boa notícia para todos, para todos!
Em um livro chamado ‘Resistência íntima’, o filósofo e professor espanhol Josep Maria Esquirol fala de um «materialismo das mãos que tocam», ou seja, da concretude daquilo que passa pelo nosso corpo como experiência e transforma-o em condição nova! A maior resistência que podemos viver em nosso tempo é fazer-se próximo, em «amparar e cuidar». Jesus revelou esse rosto do Pai! O toque de Jesus não é uma mágica, mas é a potência do acolhimento, do abrigo e do cuidado de Deus que «desce», sempre de novo, até nós!
Pe. Maicon A. Malacarne