Estamos na travessia dos tempos da liturgia! Amanhã, domingo, começamos o advento, este tempo privilegiado de preparação para o Natal. O advento é o ponto de partida de uma vida nova que é convidada a crescer por dentro da confiança. Confiar é um verbo que não termina!
No evangelho de hoje, Jesus chama atenção para três doenças que podem atingir o nosso coração: a gula, a embriaguez e as preocupações da vida (Lc 21,34-36). A gula é uma prisão, é a possibilidade de ser dominado pela vontade. É por isso que o jejum é um dos mais altos programas de liberdade, porque é a capacidade de escolher o que eu quero ou não quero. A embriaguez está ligada a um problema concreto, mas o seu sentido é maior. Uma pessoa «embriagada» não é dona de si, vive sem viver, é um sobrevivente da história e perdeu o protagonismo. Por fim, as preocupações, que estão sempre presentes em maior ou menor grau. O problema das excessivas preocupações é que também elas nos deixam em estado automático, com muita dificuldade de tomar consciência daquilo que realmente é importante. As preocupações dispersam, confundem o que é prioridade e o que é secundário. Os Padres da Igreja costumavam dizer que só existe realmente um pecado: a distração!
A atenção é a porta para meditar à entrada do advento! A travessia é exigente, mas é o lugar que precisamos estar: «o real é no meio da travessia», dizia Guimarães Rosa, e se «se não ousarmos fazer», escreveu Fernando Pessoa, «ficaremos a margem de nós mesmos».
Pe. Maicon A. Malacarne