No evangelho de hoje (Lc 13,1-9), algumas pessoas perguntavam a Jesus sobre o significado de algumas tragédias. Misturados aos exemplos, está o antigo e sempre novo medo do castigo de Deus. Para ajudar ampliar aquela forma de olhar, Jesus contou a parábola sobre uma figueira que não produzia figos. O dono da vinha, numa decisão rápida, ordenou ao vinhateiro para que a cortasse. A imagem do vinhateiro é a imagem de Jesus que percebendo a dificuldade de eles compreenderem seu projeto, insistiu: «deixa a figueira ainda esse ano, vou cavar e colocar adubo.»
Essas duas expressões são um mapa para a oração: «ainda esse ano», «cavar e colocar adubo». A resposta nunca é o castigo, mas sempre a abertura para compreender cada acontecimento sob o olhar de Deus que continua acreditando em nós: ainda esse ano, ainda esse mês… o fruto vai aparecer! Mais do que punição, é a resposta amorosa e responsável, não obstante nossa demora, que traduzem os frutos! A paciência nunca é estacionar, mas sempre movimento: ‘vou cavar, vou colocar adubo, vou molhar, vou fazer tudo’!
Há um testemunho tremendo para pensar essas coisas no livro «Paciência com Deus» do padre tcheco Tomáš Halik: «Certa noite, depois de uma conversa extremamente longa e cansativa com um rapaz que, tal como eu, durante anos não se conseguira decidir sobre se acreditava ou não em Deus – e, acreditando, se a sua fé seria suficiente –, disse-lhe: ‘Sabes, não é tão importante ter a certeza de que acreditas em Deus. Com efeito, o mais importante não é se tu acreditas nele. O fundamental é que Deus acredita em ti. E talvez, neste preciso momento, seja suficiente para tu ter consciência disso’».
O poeta Charles Péguy escreveu que «esperar é a coisa difícil e a coisa fácil é desesperar.» Nosso compromisso é amar um Deus que espera e tornar a espera um gesto de amor para produzir ‘mais frutos’.
Pe. Maicon A. Malacarne