Configurar a nossa vida ao estilo de Jesus é sempre exigente. De fato, o evangelho de hoje diz: «Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e são os violentos que o conquistam» (Mt 11,11-15). A afirmação é paradoxal, uma espécie de elogio a violência, que provoca um passo a mais para compreender melhor.
Diante do Evangelho de Jesus, ou mesmo diante de outro grande projeto, nós precisamos trabalhar muito. Tudo que é «grande» provoca grandes mudanças que começam de dentro! A conversão é a viragem do percurso – mudar muito para ser sempre o mesmo – nas palavras de Dom Helder Câmara. Interessante que os Padres do deserto, que viviam uma radical fidelidade ao evangelho em um contexto bem específico, frequentemente escreviam sobre os vícios e as virtudes, no fundo, a tensão entre o que sou, estou sendo e posso ser.
Este «conquistar com violência» recorda que o trabalho não é fácil! Trata-se do esforço, da boa vontade, da exigência do «passo a mais». Se pensarmos bem, assim é todo cotidiano, não é sempre doce, fácil e agradável. Uma mãe e um pai são provocados a esse esforço para acompanhar a educação de um filho. Um estudante é colocado diante desse esforço ao abrir um livro ou ao pegar o ônibus para a universidade. Trata-se do paradoxo entre deixar-se dominar e alcançar uma conquista.
Nesse sentido, Jesus fez um grande elogio a João Batista: «de todos os homens que nasceram, nenhum é maior…». João amadureceu interiormente a necessidade de ser fiel a sua vocação de profeta. Todos somos chamados a amadurecer, a unificar os fragmentos, com paciência e coragem! Deixar nascer, com todo esforço, a parte mais bonita do que somos e que pode estar escondida atrás das máscaras que insistimos de usar.Pe. Maicon A. Malacarne