O padre Ermes Ronchi afirma que Jesus apresenta um Deus «virado de cabeça para baixo», ou seja, em uma posição totalmente diferente do que as categorias da época podiam imaginar. Vejamos também o texto do evangelho de hoje: «quando tu fores convidado para uma festa, vai sentar-te no último lugar» (Lc 14,1.7-11). Para muitos pode parecer uma atitude de derrota, de vitimismo, de mortificação ou até mesmo de querer chamar atenção.
Aí que há a novidade de Jesus – a lógica ilógica: a primeira atitude é sempre do serviço, da vida doada, trata-se de um novo ponto de partida em que o dom é mais importante que o mérito. Jesus elevou essa forma de viver às últimas consequências quando lavou os pés dos discípulos e doou a vida na cruz.
As imagens da festa, do banquete, da mesa, tão queridas pelo texto de Lucas, nos colocam no caminho de um mapa da gratuidade, como peregrinos do último lugar. Aquilo que fazemos não deve ser feito para obter alguma coisa em troca, por retribuição. Na escola de Jesus aprendemos a lógica do gratuito, de descentralizar, do «amo porque amo». Na verdade, fora da gratuidade nada pode ser chamado de amor e troca de favores jamais será amor!
Pe. Maicon A. Malacarne