Interessante reconhecer a progressão que o verbo «ver» alcança no evangelho de hoje (Jo 1,29-34). Primeiro, João «viu» Jesus se aproximar (v. 29). Mais adiante, ao dar testemunho do batismo, João disse: «eu vi o Espírito descer» (v. 32). Por fim, João confirmou: «eu vi e dou testemunho» (v. 34). Apesar da tradução se referir sempre ao mesmo «ver», se pode perceber o movimento de um olhar distante para um olhar próximo, uma gradualidade do olhar!
Os verbos gregos, de fato, são diferentes em cada versículo e elencam a fineza do amadurecimento do olhar de João Batista. Primeiro, aparece o verbo blepō, ter uma visão, enxergar de longe (v. 29); depois, o verbo theàomai, que seria mais próximo a contemplar (v. 32); e, por último, horàō que é o «ver» da fé (v. 34), o olhar profundo e próximo, muito repetido nos textos das aparições do Ressuscitado.
Enxergar, contemplar e ver são as três etapas de um olhar novo, um olhar maduro, testemunhado pelo Batista. É a espiritualidade que podemos mergulhar na nossa relação com Deus, como que um itinerário de purificação daquilo que passa pela nossa sensibilidade e a abertura para deixar Deus abrir os nossos olhos! A maior revelação do Natal que precisamos alcançar com o nosso olhar é, de fato, anunciada pela Primeira Carta de João: «Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!» (3,1). A gradualidade do olhar é reconhecimento do amor com que fomos gerados!
Reconhecer Jesus é como que ir abrindo uma janela interior! Através da janela, tudo é novo, porque Ele é a janela para ver o mundo. «O essencial é saber ver», insiste o Alberto Caeiro, «apenas ver todas as coisas, ver até não poder pensar nelas; vê-las sem tempo, nem espaço, ver podendo dispensar tudo menos o que se vê».
Pe. Maicon A. Malacarne
Belíssima reflexão…
Olhar e ver…
Sentir…
Muito inspirador!
Bênçãos para você, Padre!
Sou fã dos teus escritos
Abraço!
Jandira!