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«E em sua vontade está a nossa paz!»

A metáfora do mar e a vontade divina estão no canto III do Paraíso da Divina Comédia: «E em sua vontade está a nossa paz/ ela é aquele mar para o qual tudo se move/ o que ela cria ou o que a natureza faz». Deus é o mar que Dante vai descobrindo e mergulhando à medida que toma distância do Inferno e do Purgatório.

A paz é a experiência de encontrar o lugar de Deus na nossa vida! Deus não pode ser um adendo, uma parte «pendurada» que «utilizo» quando preciso! Deus é para mergulhar, é para integrar e ampliar a vida! De fato, Jesus, no evangelho de hoje (Jo 14,27-31), na continuidade da despedida dos discípulos, disse: «deixo-vos a paz, mas não a paz da maneira do mundo!» É que o Império Romano, no final do primeiro século, utilizava a Pax Romana que era o silenciamento, a repressão violenta contra qualquer voz destoante. É por isso que Jesus disse «não à maneira do mundo». A paz de Jesus é «shalom», é integralidade que compõe a vida, é mais do que ausência de guerra e conflito, são relações novas onde Deus tem espaço e compromete no discernimento do caminho do bem.

A vontade de Deus, «onde está a nossa paz», é um caminho que começa aqui e um dia se realizará plenamente. O céu é o ponto culminante para onde tudo converge! É bacana perceber que a primeira expressão de Jesus Ressuscitado a comunidade reunida e entristecida pela tragédia da cruz foi: «a paz esteja com vocês!» A paz é onde tudo encontra síntese!

Rainer Maria Rilke, um dos maiores poetas da história, traduziu a mística como uma ascensão: «A minha vida eu a vivo em círculos crescentes sobre as coisas, alto no ar. Não completarei o último, provavelmente, mesmo assim irei tentar. Giro à volta de Deus…»

Pe. Maicon A. Malacarne

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