A primeira mulher, com 12 anos, sem nome, era conhecida por ser «a filha do chefe da sinagoga». Quando Jesus entrou no seu quarto, do meio da gritaria pela sua aparente morte, chamou o pai e a mãe para estarem com ele. No fundo, eram os pais a causa da doença da menina. Era preciso «curá-los» todos! Nem sempre a doença está onde aparenta estar! Jesus a pegou pela mão e disse: «levanta-te»! Esse é o grande milagre – passar da condição de prostração para uma vida ressuscitada! Estar de pé é o salto para ser o que se é, abandonar a máscara de «filha do chefe». Passar da dependência para a autonomia não é um exercício fácil e deve ser feito de mãos dadas com o amor!
A segunda mulher vivia com uma hemorragia há 12 anos. Também essa não tem nome. Perder sangue é perder vida! Uma vida que está «sangrando», terminando! Os judeus consideravam a perda de sangue um castigo divino que tornava a pessoa impura e, por isso, ela deveria viver distante de todos, isolada para não passar a «doença» a ninguém! Jesus se deixou tocar por ela! Jesus jogou por terra a divisão entre os puros e os impuros, tão insistente até os nossos dias! A mulher foi curada e integrada no amor!
As duas mulheres são testemunhas que distante amor, a vida pode sangrar e se perder! Curar as feridas é tomar consciência que elas existem em nós, deixar-se tomar pela mão e buscar o «milagre» para uma vida feliz! Afinal, como escreveu Rilke em poesia «amar é durar mais» ou «o amor é uma ocasião única para amadurecer».