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Do lamento ao agradecimento!

«Eu te louvo, Pai!» é o agradecimento orante de Jesus quando os 72 discípulos retornaram da missão e partilharam as maravilhas que tinham visto acontecer (Lc 10, 17-24). Se no evangelho de ontem, Jesus lamentou-se sobre o fechamento de Corazin e Betsaida, hoje, o evangelho sublinha a capacidade de voltar a vida para o agradecimento!

Esses dois movimentos, de lamento e de gratidão, fazem pensar que a trajetória da vida de cada pessoa não é linear, as coisas não vêm umas depois das outras, mas sempre misturadas e sugerem um discernimento constante. De fato, como disse Guimarães Rosa, «o correr da vida embrulha tudo». É nesse «embrulho» de acontecimentos no caminho para Jerusalém que encontramos Jesus rezando e agradecendo.

Etty Hillesum, uma jovem holandesa que aos 28 anos já estava presa no campo de concentração de Westerborck e, 1 ano depois, foi assassinada no campo de Auschwitz, escreveu inúmeras vezes em seu Diário: «a vida é bela e há tanto o que agradecer!» Etty relacionava o seu mundo interior com uma «janela pelo qual se vê um pedaço do céu». Se o exterior é conturbado, pode-se descobrir e amadurecer um mundo interior capaz de alargar a vida!

Outubro, o mês missionário, inicia com a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus que viveu apenas 24 anos. Minutos antes de morrer, contam os biógrafos, ela repetia: «meu Deus, eu vos amo!» Teresa tinha perdido a mãe ainda pequena, no Carmelo tinha sofrido muito e vivia rodeada de doenças. Do próprio punho escreveu: «quero passar meu céu fazendo o bem na terra». Santa Teresinha é um modelo de fidelidade, de amor, de vida interior capaz de encontrar respiros e janelas que fazem a vida ser maior, a humanidade se expandir, apesar de tudo.

Pe. Maicon A. Malacarne

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